sábado, 14 de abril de 2012

LITERATURA INFANTIL

Contação de Histórias

Na sociedade antiga, não havia a “infância”: nenhum espaço separado do “mundo adulto.” As crianças trabalhavam e viviam com os adultos, testemunhavam os processos naturais da existência (nascimento, doença, morte), participavam junto dele da vida pública (política), nas festas, guerras, audiência, execuções, etc., tendo assim o seu lugar assegurado nas tradições culturais comuns: na narração de histórias, nos contos, nos jogos. (RITCHER, apud ZILBERMAN, 2003, p. 36).
Na transição dos séculos XVII e XVIII, com as mudanças na estrutura familiar burguesa e a valorização da infância, num cenário onde “a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto (CUNHA, 1991. P. 22), surgiram  novas  preocupações  e  formas  de  se  apropriar  de textos  infantis  que  respeitassem  as  particularidades  da  criança. Uma transformação que foi pensada na escola, evidenciando uma estreita ligação da Literatura Infantil com a Pedagogia.
No Brasil, representadas pelo nacionalista Monteiro Lobato, as produções portuguesas foram adaptadas para obras pedagógicas, utilizando o humor como recurso para criticar as situações políticas e sociais, criando assim o espaço da Literatura Infantil.
Ler é uma viagem!
Para algumas crianças, os livros de Literatura Infantil, sempre representaram tesouros escondidos, muitos destes, sem mapas que as ajudassem a encontrá-los.
Por outro lado, há outras crianças, numa proporção menor, que tiveram a gostosura de viajar pelo mundo das palavras escritas.
Há ainda outras, que tiveram a oportunidade de crescer ouvindo histórias contadas pelos pais ou avós, antes de dormirem.
Contar histórias é uma arte encontrada nas mais diversas nações, sendo que historicamente, a função social do conto representou diferentes papéis de acordo com a cultura e as características destas sociedades. ( MATTOS, Londrina, 2009.)
Contar histórias não é tarefa fácil. É necessário que o contador de história seja prático e criativo, que visualize em diferentes materiais as possibilidades de se contar uma história, introduzindo nesse ato a importância, propiciando o contato com diversas formas de contar, recontar e criar histórias.
Por essa razão, reverencio todos os contadores de histórias, principalmente, os pedagogos estudiosos que buscam expressar através dessa arte, o encantamento do mundo da Literatura Infantil.
Em Juazeiro do Norte, temos fantásticos contadores de histórias que despertam a imaginação de crianças até mesmo como você e eu. A Bette Gomes é um desses exemplos. Contadora de histórias formada desde as “histórias de trancoso” contadas pelo pai até suas experiências nas salas de Educação Infantil e de formação para Educadores.
“Educar é uma arte tão alta que não se pode
subordiná-la  aos  métodos  de  imposição
possivelmente adaptáveis às tarefas mecânicas”. 
                                                                                           
Anísio Teixeira

O contador de histórias deve ter um repertório amplo, utilizando os mais variados autores e diferentes recursos, adequando suas perfomances de acordo com a faixa etária, interesse e envolvimento de cada grupo.
Dentre os diferentes recursos para contar histórias, enumeramos alguns bastante utilizados por educadores contadores de histórias:

O livro: Com ilustrações grandes e de qualidade. Este recurso poderá ser apresentado apontando-se as figuras correspondentes no momento da narrativa.

O cineminha: Podem ser confeccionados cartazes com imagens do livro, anexados uns nos outros, formando um rolo de filme, que é apresentado às crianças através da "tela" de uma caixa de madeira ou de papelão.





Gravuras: fazer uma seqüência de quadros (cópias ampliadas do próprio livro ou fotografados, sendo nesse caso projetados em slides), que serão expostos à medida que a narração evolua.
Figuras sobre o cenário: o cenário será um quadro básico, e as figuras (talvez cada personagem em algumas posições diferentes) irão compondo as cenas conforme o desenrolar. As figuras poderão ser presas com tachinhas, ou ser do tipo velcômetro (modernização do flanelógrafo, também apresentada em "Projetos").
Teatro de sombras: Uma luz projeta figuras em uma superfície opaca. A sombra de figuras feita com as mãos e com figuras recortadas exerce grande fascínio sobre as crianças. Elas são muito fáceis de fazer e a apresentação pode conter músicas e efeitos especiais. 
História desenhada: pode ser trabalhada no chão, onde os alunos só perceberão o desenho após o término da atividade. O contador narrando a história e a desenhando no decorrer da mesma, quando finalizar o desenho deve finalizar também a história de acordo com a gravura que surgiu.
História cantada: é utilizado como recurso para esse tipo de história a música, na história toda ou em alguns trechos da história.
Fantoches: São muito apreciados pelas crianças e podem ser usadas por mais de um narrador. Outra vantagem é que se pode ter o roteiro escrito, o que facilitará a tarefa. Os fantoches também podem ser usados de forma interativa com as crianças, elas mesmo manuseando-os, ou mesmo fazendo os bonecos de cartolina com roupas de papel crepom. Os mais utilizados por contadores de histórias, são os bonecos de pano.

Dobraduras: Outra arte que pode representar tantas figuras quanto nossa imaginação possa alcançar. É verdade que não é uma técnica acessível a todos, mas há os que fazem... e o efeito é surpreendente! Proporciona uma boa interação com as crianças quando a narrativa acompanha a sucessão de dobraduras feitas por elas.
Maquete: Podem ser confeccionados uma floresta de papel crepom, uma casinha de papelão e pequenos bonecos de feltro comandados por um contador de histórias.
Bocões: São bonecos grandes que ficam sentadas no colo do narrador. Pode ser só um (uma vovó, um duende, etc.), que contará a história. Ou tantos personagens quantos houver na história. As crianças ficam encantadas com o efeito e praticamente esquecem-se do narrador, que pode se aproveitar deste efeito de forma hábil.
História com interferência: onde os personagens são os próprios ouvintes.
História com seqüência: é um tipo de história que exige a memorização dos ouvintes, pois cada trecho da história remete a algo que já aconteceu. 
História com papel: o contador contara a história utilizando o papel para materializar os pontos fortes da história. Pode-se utilizar o papel também o moldando como uma dobradura, para que assim se transforme em algo após a finalização da história.
Marionetes: São bonecos comandados por fios presos na cabeça, nas mãos e nos pés. A cena desenrola-se no chão e os operadores ficam colocados atrás de um pequeno cenário. As histórias com bastante movimento, engraçadas, são as que melhor se ajustam a esta técnica. Como os bonecos são esguios, eles se prestam às mais diversas caracterizações e podem, inclusive, trocar de roupa conforme a cena.
Interação com a narração: Poderá ser feita uma canção para ser usada em momentos-chaves: no perigo ou quando aparece determinando personagem.
Dedoches: São pequenos fantoches utilizados nos dedos. A vantagem é que têm um custo de material muito baixo, o que permite ter uma grande variedade deles. Também podem ser feitos e posteriormente apresentados pelas próprias crianças. A desvantagem e que não podem ser usados para uma plat éia muito grande (cinco ou seis no máximo).
Não há limites para a criatividade. Coisas simples, quando usadas na hora apropriada, enriquecerão a história:
Inclusão de um objeto real que faz parte do enredo fantasioso da história: em "Pandora", por exemplo, o suspense aumenta se no interior do círculo o narrador colocar uma misteriosa caixa.
Um personagem que toma vida no desfecho da história: todos ficarão excitados se o cacique aparecer com seu resplandecente cocar. Ou, se ao final da história, a Emília "em pessoa" surgir para ser entrevistada pelas crianças.
Pedir para que as crianças fechem os olhos e criar sensações de vento com um ventilador, de odor com spray de ambiente, de chuva com borrifos de água.
Poderão também ser usados gestos discretos, um para cada personagem. Ao contrário do que parece, este recurso não desvia a atenção da criança.
Os recursos são fundamentais para proporcionar o lúdico, o ideal é que ao se contar uma história sempre se tenha algo que a simbolize, um gesto com as mãos ou simples um olhar produzido intencionalmente. 

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